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Stray Kids no Brasil - 04/2025

por Vitória Ellen de Almeida

(Foto: Arquivo Pessoal/Julia Defávari)


Conheci Stray Kids no fim de 2020, mas só em abril do ano seguinte, após o grupo anunciar sua participação no reality show coreano, “Kingdom”, foi que me dei conta de que havia sido arrematada pelos oito meninos de riso frouxo cuja música barulhenta se orgulhavam de fazer.


De lá pra cá houveram momentos em que o meu barulho interior era ainda maior e somente suas vozes eram capazes de acalmar o caos dos meus pensamentos. Foram quatro anos de uma caminhada cujos laços se apertaram algumas vezes e se afrouxaram em outras, mas nunca se romperam por completo. Por isso, quando a passagem do grupo, com a DominATE Tour, pela América Latina foi anunciada só havia uma certeza: eu estaria lá, independentemente do que acontecesse.


Importante frisar que Stray Kids não foi o grupo que me trouxe pro K-Pop mas foi, sem sombra de dúvidas, o grupo que me fez ficar: ficar firme quando eu não acreditava que houvesse uma razão. Ficar forte quando me senti minúscula. Ficar de olhos e de peito aberto para enfrentar os desafios da vida que se impunha.


Foi ao som deles que descansei durante os curtos intervalos entre rotinas exaustivas de trabalho e estudos. Foi ao som deles que eu soube que havia conseguido a aprovação que eu queria. Foi ao som deles que ressignifiquei a corrida diária que eu fazia inicialmente para fugir, em algo que me ajudasse a me encontrar. Foi através deles que fui presenteada com as melhores amigas que alguém pode ter, e foi através de uma dessas pessoas que pude realizar meu sonho não só uma, mas três vezes.


Estar no soundcheck e vê-los tão de perto conseguiu ser uma experiência real ainda mais bonita do que qualquer uma que eu havia idealizado. A estrutura impecável e a setlist repleta de músicas que não nos deixavam ficar parados por um minuto sequer, foram apenas algumas das razões pelas quais eles cativaram o público de mais de cinquenta mil pessoas em cada um dos três shows que fizeram.

(Foto: Arquivo Pessoal/Julia Defávari)


Entre um discurso e outro, muitas risadas e brincadeiras, o grupo provou que a verdadeira receita para o sucesso é a sinergia que os une: uns aos outros e aos fãs. Mais do que artistas completos e de um profissionalismo invejável, Stray Kids esbanjou seu carisma em apresentações memoráveis como as de Giant, em que era possível visualizar um gigante inflável tomar forma bem diante dos nossos olhos, e Cinema, em que uma chuva de confetes das cores da bandeira do Brasil decoraram os estádios Nilton Santos - o Engenhão - no Rio de Janeiro e Cícero Pompeu de Toledo – o MorumBIS – em São Paulo, enquanto o público, extasiado, via seus nomes aparecerem nos créditos finais mencionados na letra.


Aliás, por falar em Cinema, ouso dizer que os momentos mais mágicos de todos os shows aconteceram aos som dela e da sequência I Am You e Cover Me em que era possível perceber a emoção do octeto quando, no Rio, ao final da apresentação a plateia os surpreendeu com um coro entoando novamente o refrão da música e, no show do dia 05 em São Paulo, quando a chuva de uma noite de outono resolveu cair exatamente no início dos primeiros acordes da música, transformando a performance – emocionante e inesquecível por si só – em algo etéreo e que ficará gravado não só na memória, mas também no coração do público de mais de 65 mil pessoas que tiveram a honra de vivenciar esta experiência tão singular.

(Foto: Arquivo Pessoal/Julia Defávari)


De apresentações inéditas dos novos duos formados especialmente para compor a setlist da segunda parte da turnê a canções surpresa nos encore stages e shows que, somados, contabilizaram quase 10h de música ao vivo, foi possível compreender o porquê de o grupo ser considerado atualmente como um dos maiores boygroups não só dentro de sua geração, mas mundialmente. É a capacidade de tocar individualmente no coração das mais de 120 mil pessoas como se conhecesse cada uma delas. É o olhar afetuoso e contemplativo como se dissessem que também esperaram todo esse tempo para nos encontrar. É a humildade de retribuir toda a devoção do público na mesma intensidade.


Como fã do grupo há alguns anos digo com tranquilidade que foi um alívio saber que as pessoas que admiro são mesmo merecedoras de o serem. Foi um alívio saber que eles estavam felizes e se divertindo sob o mesmo céu que eu.


Eles são queridos, são simpáticos e, acima de tudo, são muito amados e apaixonados pelo que fazem. Vai ver é por isso que mesmo em meio a estádios abarrotados de gente pude me sentir em casa. Eles são casa. A mais pura personificação de lar e moradia.


No dia 06 em São Paulo, assim como no Rio, o fandom preparou uma homenagem ao grupo que foi catártica para mim pois me dei conta do quanto cresci ao lado deles e o quanto eles me relembram todos os dias de quem sou. Me permiti chorar de felicidade e gratidão por não ter desistido e por ter a fé e a coragem de viver.


Às amizades que fiz pelo caminho, cuja aproximação se deu pelo amor em comum pelo grupo o meu mais sincero agradecimento. Ter vocês comigo durante essa experiência foi inesquecível. À minha estrela da sorte Ju, saiba que assim como o Stray Kids você me permite sonhar e absolutamente nada disso seria possível sem você.


O último show acabou e antes mesmo de eles deixarem de vez o palco eu já sentia saudade - a palavra que ensinamos a eles e eles ficaram tão empolgados em aprender. “A tristeza da ausência, mas a felicidade pela memória do que vivemos juntos”.


Ao grupo, mal posso esperar pelo nosso próximo encontro. Foi realmente encantador conhecê-los e me reconhecer em vocês. Até breve.

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