ONEUS 1st WORLD TOUR - REACH FOR US, SP/BRASIL
por Thainá M.
(Foto: RBW)
Existe uma magia muito singular presente no momento em que vemos um de nossos grupos favoritos ao vivo. Para além da alegria explosiva de poder cantar — sem nenhuma vontade de conter a voz, por vezes bem desafinada — as nossas músicas favoritas, existe a possibilidade única de alcançar quem está, quase sempre, tão distante e inalcançável.
A primeira turnê mundial do ONEUS, Reach for Us, fez sua última parada em terras brasileiras, na cidade de São Paulo. Depois de iniciarem com shows na Coreia do Sul e no Japão — ainda em 2022 —, foram mais de dez shows pelos Estados Unidos até chegarem à América Latina, com apresentações no México, no Chile e, por fim, no Brasil, no dia 15 de fevereiro de 2023.
Era uma quarta-feira bem comum, de trabalho ou de estudo, menos para quem já se enfileirava em frente ao Terra SP desde muito cedo — algumas pessoas estavam ali desde a noite anterior — e essa foi a minha primeira experiência completa em uma fila de show de K-Pop e que ainda foi minha primeira vez completamente sozinha. O fato de não estar acompanhada, porém, se tornou insignificante diante do ambiente de comunidade que logo senti na fila que crescia a cada hora. Na minha frente, um grupinho passando o tempo com jogo de cartas — e se você não soubesse jogar, podia aprender na hora —, atrás de mim, meninas adoráveis com o figurino completo inspirado no MV de No Diggity, que compartilharam comigo um espaço na toalha, para que eu não sentasse no chão. Mais à frente, uma turminha dançando e cantando e era possível ver o tempo todo algum fã tentando vender seu produto ou entregando um mimo muito fofo como cortesia ou simplesmente como lembrança daquele dia especial. O ambiente de coletividade que senti entre os To Moon — nome do fandom do ONEUS — fez a experiência inteira desse dia se tornar ainda mais calorosa e especial.
Durante as horas que se passaram rolou um sol de rachar, ventos derrubando galhos de árvores na cabeça das pessoas e uma chuva daquelas de estragar o outfit dos despreparados. Apesar dos xingos, nada pareceu diminuir a animação e aquele senso gostoso de união, presente naquele frasco de desodorante que vi sendo passado de mão em mão, instantes antes de todos entrarmos na casa de show.
Ingressos validados, pulseiras no pulso, crachá VIP pendurado no pescoço e de repente Seoho e Leedo passando ao nosso lado para ir ali na padaria rapidinho, como uma amostra rápida e extra da sequência de surtos que viria a seguir.
Instantes depois, eu já estava apoiada na grade do lado esquerdo, sentindo minhas pernas inquietas pela ansiedade e animação. Keonhee e Leedo ainda apareceram no terceiro andar do local para dar um alô e depois disso eu fui apenas heart eyes e surto intenso.
(Foto: Arquivo pessoal)
É importante dizer que nenhum stage em 4K e nem as inúmeras fancams no meu histórico do YouTube me prepararam para o que aconteceu depois do VCR de abertura. Acompanhar o ONEUS desde o debut me preencheu de expectativa para aquele momento desde o primeiro instante do anúncio do show e ainda que soubesse exatamente o que esperar, definitivamente não estava preparada para tudo que eles tinham para entregar, e era muito.
A sequência inicial não poderia ter sido melhor. Bring it On, Come Back Home e Black Mirror levaram minha ínfima capacidade vocal, deixando muito pouco para que eu pudesse berrar como queria depois. Para quem não conhece, acho que essas músicas são uma belíssima amostra do que é o ONEUS: uma energia estrondosa, a sequência de batidas quase nostálgicas da K-Pop 2nd Generation, os vocais melódicos que fazem par perfeito às coreografias quase teatrais, que são invadidas por um rap que despedaça tudo de uma forma espantosa.
Amém, ONEUS.
Na primeira pausa para a saudação dos membros, eles já se mostraram deslumbrados com a nossa capacidade de acompanhar as músicas e fazer muito barulho. A tal da energia de fãs brasileiros que todo artista já deve ter ouvido falar. A nossa fama, porém, não impediu que eles ficassem genuinamente chocados e isso foi muito bonitinho de ver, além de ter sido uma graça como isso preencheu quase todas as interações seguintes, quando eles insistiam em mencionar nossos gritos e potência, por vezes pedindo para que, no fim das músicas, cantássemos novamente alguma parte específica com eles.
A próxima sequência foi aberta por uma das melhores intros que eles têm: Who Got the Joker? Honestamente, só sobrevivi porque a música seguinte era uma das minhas favoritas: Full Moon, que foi seguida de Stupid Love, mais uma do último álbum, MALUS. Em Skydivin’ tivemos o momento adorável da execução de nosso primeiro projeto — linda e arduamente organizado pela incansável fanbase brasileira, que trabalhou bem mais que a produtora responsável pela organização no Brasil —, que consistia em acompanhar a coreografia no refrão. Eu só soube que deu certo quando vi a carinha de espanto e admiração do Hwanwoong. No final da música, eles ainda pediram para que fizéssemos de novo. Adoráveis demais!
Depois da fofura, a sequência de covers levou algumas almas, certeza. A menção principal é para SexyBack, performada por Leedo, Seoho e Hwanwoong. Nunca vou me recuperar, certamente.
Red Thread nos levou de volta para o modo soft e para o nosso segundo projeto. É uma das minhas músicas favoritas, então ainda me emociona muito lembrar. Na fila, as meninas da fanbase distribuíram fitas vermelhas para serem colocadas na lanterna do celular para compor o cenário e deu tão certo que eles ficaram de olhinhos brilhando. Nunca vou esquecer a carinha do Keonhee todo admirado e emocionado. Foi, com certeza, um dos momentos mais lindos do show.
A última sequência antes do encore foi completamente arrebatadora. Um single atrás do outro e duas de algumas das minhas favoritas: Luna e Lit. Fascinante é pouco pra descrever como foi ver a apresentação de todos os hits diante de mim, me permitindo ver cada expressão facial que intensifica os passos das coreografias e deixa a gente em estado de quase devoção, cada detalhe dos figurinos e adereços que acentua a beleza etérea que eles já têm. Todos esses elementos juntos fizeram mágica preencher todo aquele espaço e um dos motivos de escrever sobre essa experiência é guardá-la no eterno, para rememorar sempre que a saudade bater.
Durante o encore, o sentimento desesperador do fim se aproximando foi aplacado pelo carinho demonstrado em cada interação mais íntima, pelo esticar de braços para completar um coração com as mãos, pelo simples ato de sentar na borda do palco para cantar junto e se deixar ver de mais perto. Eu vi apreço e uma vontade enorme de retribuir nosso amor caloroso em cada um dos pequenos atos dos cinco membros pelo palco e isso fez o fim se arrastar, quase como se o tempo estivesse ao nosso favor e isso não poderia ser melhor exemplificado do que o momento em que Seoho continuou cantando Gravitation sem parar, mesmo que já fosse a hora de se despedir e ir para trás das cortinas.
Em um momento do ment final, estávamos todos os com dedos mindinhos levantados, prometendo que nos encontraríamos novamente e em breve, mas principalmente, que nos manteríamos juntinhos para sempre, feito Terra e Lua.
Naquele que foi o nosso pequeno Universo, em uma noite em que as distâncias pareceram insignificantes de tão curtas, não apenas fomos alcançadas pelo talento e arte de Seoho, Leedo, Hwanwoong, Keonhee e Xion, como os alcançamos em uma troca singular de afeto, do tipo que é impossível esquecer.
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