top of page

Especial Mês da Diversidade

Atualizado: 30 de jun.

Com a chegada de um mês em que a batalha contra a discriminação é celebrada, resolvemos abrir mais uma Mixtape para listarmos algumas indicações de conteúdos LGBTQIA+ do leste asiático que conquistaram nossos corações e não saíram de nossas mentes desde então.


Abaixo vocês encontram uma seleção de representação audiovisual que são as nossas favoritas e achamos que todo mundo deveria escutar e ver mais o que eles têm para dizer!


1. WISH YOU: YOUR MELODY FROM MY HEART (2020)

Indicado por Tham Sanchis

(Foto: Divulgação)


Completando já 3 anos de lançamento nesse ano, Wish You foi uma surpresa incrível que tive o prazer de assistir e ficou marcada em minha memória desde então, talvez sendo realmente meu BL coreano favorito!


Nele, conhecemos a história de Yoon Sang Yi, um jovem tecladista que é apaixonado por música e trabalha para uma grande empresa do ramo, e Kang In Soo, que também tem a mesma paixão do outro só que a transmite através de seu canto, indo para a rua tocar músicas que ele mesmo compôs. Sang Yi acaba se apaixonando também por In Soo quando encontra no YouTube os vídeos que um amigo de Kang grava dele quando toca suas músicas nas ruas, se tornando assim um apreciador do talento do cantor.


E é quando Yoon esbarra com o outro na rua, numa de suas cantorias, que ele tem a chance de fazer o que sempre quis: convidá-lo para ir na empresa de música que ele trabalha na intenção de fazer um teste para ela, já que tem a certeza que In Soo tem talento o suficiente para crescer e se tornar um cantor renomado. Aceitando o convite, o artista vai até lá e, passando no teste, é pedido para que ele se mude para a residência da companhia já que logo começaria seu treinamento. O que ele menos esperava, porém, assim como Sang Yi, é que eles teriam que dividir a casa…


Durante esse convívio, os sentimentos que Sang Yi sentia como crush mudam, assim como os de In Soo, trazendo a carga de romance que não exatamente faltava, mas se torna ainda mais encantadora.


Para mim, o diferencial desse BL é o fator que a gente entra na jornada dos personagens junto com eles. É leve, faz a gente rir e sentir aquele leve cringe com cenas muito passíveis de identificação se você for alguém sem jeito. Também traz um conforto que não vi antes em outros que assisti, já que não vemos algumas problemáticas recorrentes de outros BL’s, isso é, eles saem da curva quando dão para gente um romance sem muitos questionamentos sobre as sexualidades dos protagonistas. Os obstáculos que Sang Yi e In Soo têm para fazer esse romance dar certo são completamente diferentes do que a gente espera e, como alguém que não espera muito de produções um tanto quanto corridas e não tão elaboradas, tudo fez bastante sentido na minha visão quando o assisti.


Wish You é realmente uma melodia e um respiro no meio de muita turbulência, contendo também OST’s (Original SoundTrack, isso é, músicas que são criadas para o próprio drama) que grudam na cabeça e vão direto para nossas playlist's - pelo menos tá na minha que ouço em looping!


Se você ainda não viu, tenho certeza que não vai se arrepender quando o fizer!


Você pode assistir Wish You na Viki!


2. BEHIND CUT (2022)

Indicado por Tham Sanchis

(Foto: Divulgação)


Ainda falando de BL’s que mexeram com meu coração, Behind Cut é outro que foi impossível não se apaixonar pela história de Ki Jin e Yeong Woo.


Se sua pedida para romance for romance despretensioso, é igual a minha e sei que vai amar esse aqui! E se gostar de ver idol atuando, vai gostar mais ainda, já que seus protagonistas são Bumjun — baterista da banda 2Z — e Seung - integrante do The Man BLK, um grupo de idols-atores que, inclusive, faz parte da trilha sonora de outro BL chamado Where Your Eyes Linger  — que encantam com o talento deles também para atuação.


Ki Jin, interpretado por Bumjun, é um estudante de design de moda que sonha em ser um grande estilista um dia, mas o caminho é árduo para as pessoas que querem viver disso na Coreia e ele está sempre tentando dar seu máximo, o que acaba se tornando uma grande batalha que ele precisa lidar. Em um dia qualquer, ele acaba esbarrando com Yeong Woo, que trabalha como motoboy entregando comida pela cidade. Ao contrário de Ki Jin, ele não tem um sonho, na verdade, não tem nada que o mova além do trabalho que ele desempenha — ainda assim, com muito otimismo, algo que faz parte de sua personalidade.


Durante encontros e desencontros, eles acabam desenvolvendo um carinho e, especialmente, crush um no outro. Mas o que eles não esperavam é que um amigo modelo de Ki Jin também tivesse um crush pelo estudante de moda. É nessa que a história se enrola, desenrola e planta sementes em nossas mentes!


Assumo que o que eu mais gostei foi a química entre os atores e os personagens, já que eles se encaixam muito bem e faz tudo fluir de uma forma que faz com que não saímos da cadeira antes de terminar tudo. Talvez tenha, como sempre, algo que nos pegue pelo calcanhar e nos deixe pensando o que poderia ser melhorado, mas definitivamente é um BL que nos faz querer sonhar não apenas por eles e junto com eles, como também por nós!


Acabei o drama querendo mais e torço, até, para que tenha uma próxima temporada… Será que já faz muito tempo para pedir por uma?! Não sei, né… Mas sei que estou sempre ouvindo a OST também para relembrar os momentos bons de quando o assisti! Aposto que vocês iriam gostar também!


Você pode assistir Behind Cut na Viki!


3. JIAE

Indicado por Thainá M.

(Foto: Divulgação)


I won’t hide away from myself anymore.


O verso que inicia o refrão de Love is Love, faixa-título do álbum de mesmo nome que foi a estreia de Jiae como solista, é bem mais do que simbólico, é fruto do momento que vive desde o início de 2020, como artista e como mulher bissexual, desde que resolveu compartilhar sua orientação sexual com quem a acompanhava, inclusive desde os tempos de WHA$$UP — grupo de K-Pop que foi membro e main vocal de 2013 à 2019. Atuando como artista independente desde então, Jiae iniciou um crowdfunding para financiar seu trabalho solo e na contramão da falta de apoio e gerência de uma empresa de entretenimento, conseguiu mais de 200% da meta inicial, lançando Love is Love em 8 de outubro de 2022.


O álbum é um trabalho primoroso que reflete sua trajetória, mas apesar do teor pessoal, é extremamente representativo. Seu trunfo, para mim, é como Jiae resolve contar sua história: de forma corajosa, altiva, falando de um lugar que permite vulnerabilidades — como vemos nas canções 0807 e Ideal and Reality —, mas que não admite que lhe seja delegado um lugar de subjugação em uma realidade social heteronormativa, como vemos quando ela corajosamente questiona o que comumente chamamos de opinião pública, em So What, uma de minhas canções favoritas.


Para além do “título” de ser uma idol — ainda que agora de forma independente — assumidamente bissexual, Jiae é uma artista que merece muito reconhecimento e que busca arduamente um espaço em uma indústria nada inclusiva. Após compartilhar sua orientação sexual por meio de uma foto com a namorada no Instagram, Jiae questionou posteriormente o fato de uma questão totalmente pessoal, como o seu relacionamento amoroso com alguém, ter recebido mais atenção que seu debut como idol, anos atrás. Esse questionamento de Jiae nos cobra uma posição como público também: estamos verdadeiramente apoiando artistas LGBTQ+ ou estamos seguindo um hype vazio e midiático? Se você quer fazer o contrário disso, te convido a conhecer Jiae e apoiar seu trabalho. Prometo que você vai amar!



4. HOLLAND

Indicado por Thainá M.

(Foto: Holland no Twitter)


Quando Holland lançou seu novo single, Number Boy, no último dia 30 de março, rapidamente pude associar algumas das cenas mostradas no MV ao episódio de agressão homofóbica que ele narrou em seu perfil no Twitter, que ocorreu enquanto passeava por Itaewon, na Coreia do Sul, em maio de 2022. Enquanto caminha pelas ruas, o vídeo mostra-o sendo constantemente agredido e insultado por uns, enquanto é estranhamente observado por outros. No decorrer do vídeo, vemos como esse olhar de outsider que lhe é dirigido, inclusive, o priva de viver plenamente momentos de lazer e afeto, em uma angustiante cena em que uma mesa cresce entre ele e seu interesse amoroso no vídeo, interpretado por Kim Jiwoong — ator, cantor e atualmente membro do ZEROBASEONE.


Esse tipo de representação não é comum no K-Pop e acaba por isolar Holland como único artista do pop coreano a ser declaradamente homossexual e o único a retratar sua identidade em seu trabalho musical.


Estreando como artista solo de forma independente em 2018, seu primeiro EP saiu no ano seguinte, com cinco músicas e entre elas Neverland, seu single de debut. Das cinco faixas, quatro possuem MV's, que são corajosas produções que narram amor e desamor, e desafios e medos diante do preconceito. Os MV's têm uma fotografia lindíssima e mal consigo escolher um favorito! Entre as canções, I’m Not Afraid tem um espaço especial no meu coração (e nas minhas playlists).


Constantemente notado pela mídia internacional e colecionando editoriais belíssimos de moda, Holland vem trilhando seu caminho em um terreno hostil que não parece intimidá-lo. É um dos artistas do cenário underground que mais quero ver crescer e aparecer ainda mais, não somente pelo que representa, mas pelo seu talento e carisma grandiosos, que com certeza merecem holofotes e atenção.



5. A CRIADA (2016) - PARK CHANWOOK

Indicado por Daniela Seles

(Foto: Divulgação)


A primeira indicação de filme que incorpora a temática LGBTQIA + em sua narrativa é o filme roteirizado por Jeong Seokyeong e dirigido pelo diretor sul-coreano Park Chanwook, A Criada (The Handmaiden, em inglês). A obra foi lançada em 2016 e trata-se de uma adaptação do romance galês Fingersmith, da autora Sarah Walters.


A narrativa é ambientada na Coreia dos anos 30, em meio ao período de ocupação japonesa. Essa informação é de extrema importância, uma vez que esse fato histórico ajudará a guiar o fio narrativo da obra. Em A Criada acompanhamos a saga da jovem órfã Sooke (Kim Taeri, protagonista do K-Drama Twenty Five Twenty One), que é contratada para ser a nova criada da jovem herdeira japonesa Hideko (Kim Minhee), que vive reclusa com seu tio, Kouzuki (Cho Jinwoong). De cara já ficamos sabemos que Sooke está planejando um golpe com o falso conde Fujiwara (Ha Jungwoo), em que os dois, Fujiwara e Sooke, precisam convencer a jovem Hideko a se casar com o Conde para que assim eles possam roubar a fortuna da jovem herdeira e interná-la em um manicômio.


A trama discorre em três atos que alternam o ponto de vista retratado e, em todos os finais desses atos, somos surpreendidos com novas reviravoltas da narrativa. Sendo assim, é impossível não ficar vidrado na produção de Chanwook, uma vez que ele traz muita sutileza e muitos detalhes em cada uma das cenas, seja por meio da fotografia, seja por conta da direção de arte ou mesmo pela mise-en-scène das atrizes; sempre haverá algum atrativo que nós manterá imersivos na história. E, embora a sensualidade e erotismo seja bem palpável e presente em A Criada, esses elementos são incorporados na narrativa de forma concisa e responsável, sem ir para o extremo da fetichização de corpos sáficos.

A Criada torna-se uma ótima opção para quem quer mergulhar um pouco mais no cenário cinematográfico sul-coreano, além de poder desfrutar de uma história com um enredo intrigante, fora do comum e que subverte as nossas expectativas, uma fotografia cuidadosa e detalhista, cenários de tirar o fôlego e atuações impecáveis. E por último: Be gay, do crimes!


6. HAPPY TOGETHER (1997) - WONG KAR WAI

Indicado por Daniela Seles

(Foto: Divulgação)


Quem aprecia um bom cinema já deve ter ouvido falar do diretor honconguês Wong Kar Wai e a importância e exuberância de seus filmes. Aqui traremos uma obra extremamente importante para sua filmografia é extremamente pertinente ao tema discutido. O filme Happy Together (Felizes Juntos, em português) foi lançado em 1997 e conta com dois grandes astros do cinema de Hong Kong: Tony Leung (presente em Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, da Marvel Studios) e Leslie Cheung.


A obra conta a história de Po-Wing (Leslie Cheung) e de seu namorado Yiu-Lai (Tony Leung), que decidem fazer uma viagem juntos à Argentina para visitar as Cataratas do Iguaçu. O casal se desentende durante a viagem e, sem dinheiro para voltar para casa, o jovem casal acaba permanecendo em Buenos Aires. Os dois acabam se deparando com algumas dificuldades no meio do caminho, além do conflito entre ambos, pois, por não serem da região e terem uma barreira linguística, os rapazes acabam vivendo em lugares insalubres e trabalhando em empregos precários.


Aqui, Wong Kar Wai não vai contar uma típica história de romance. O diretor opta em ir por caminhos que exploram temas mais realistas e que não caem em tom fantasioso. É possível visualizar esses aspectos no momento em que temos contato com uma realidade mais crua refletida na dinâmica tóxica do casal, nos cenários muitas vezes sujos, numa fotografia mais contrastada e granulada.


Um fato curioso sobre essa obra é que ela conta com uma trilha musical bem familiar aos ouvidos brasileiros: em uma das canções presentes durante uma das sequências da obra, é possível escutar a voz do cantor e compositor brasileiro Caetano Veloso.


Happy Together é um filme que merece ser sempre lembrado e apreciado pois, além de contar com um roteiro brilhante e cenas emocionantes, ele conta histórias reais, abre debates sobre temas importantes e por ser um marco no cinema internacional, bem como um marco do cinema LGBTQIA +.


A importância de Happy Together para a comunidade LGBTQIA+ não fica somente no âmbito ficcional, uma vez que um de seus protagonistas, Leslie Cheung, foi uma das primeiras pessoas a se assumir abertamente bissexual em Hong Kong. O astro citou em uma entrevista que “era fácil amar uma mulher, mas também era fácil amar um homem”. Além disso, seu nome artístico foi escolhido por ser neutro, podendo ser tanto masculino quanto feminino. Por conta disso, não houve um final feliz para Leslie Cheung. Infelizmente, a estrela em ascensão acabou cometendo suicídio em decorrência de perseguições acerca de sua sexualidade.


Contudo, é notório o legado e importância que Leslie deixou para o cinema e para toda uma comunidade. Leslie é uma lenda que será para sempre eternizada! Leslie vive!


Você pode assistir Happy Together na plataforma MUBI!

53 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page