por Tham Sanchis
(Foto: Divulgação)
Vocês já devem ter visto por aí algumas estratégias publicitárias sendo utilizadas em vários meios de comunicação que consomem e nem devem ter se dado conta que foram atraídos por elas, apesar de as encontrarmos em nosso dia a dia mais do que imaginamos. Podemos ver alguns exemplos de uma delas aqui: aquele seu cantor favorito já tem uns anos de carreira e chegou a um certo patamar de até lançar um filme no cinema com um show exclusivo para os fãs aproveitarem já que apenas uma parcela de seu público compareceu a ele, isso é, agora ele se tornou acessível mundialmente! Ou aquele grupo de K-Pop que você acompanha com afinco e não consegue parar de consumir conteúdo deles pelo fato deles terem uma lore¹ para lá de interessante, contendo até um Webtoon² onde os personagens são inspirados neles e os MV’s de suas músicas são parcialmente inspirados nessa história.
Essa estratégia em particular se chama Transmídia, em que os conteúdos que são apresentados sobre um tópico são dispersos em várias mídias diferentes, onde em cada lugar que ele é publicado novas informações sobre ele são liberadas. E a partir daí, você vê um quebra-cabeça sendo montado em sua mente fazendo com que o tópico fique cada vez maior, mais completo e mais interessante.
Mas por que eu estaria falando sobre isso antes de iniciar esse texto? Talvez vocês já saibam que o que vou começar a contar aqui seja algo que contenha essa tática, mas não exatamente como vocês pensam. Aliás, vocês já viram uma banda de mentira se tornar real? Talvez em séries latinas que marcaram nossa adolescência e infância, mas, nesse caso, estamos falando do 8LOOM, boy group de J-Pop apresentado no J-Drama I Will Be Your Bloom que foi transmitido no fim de 2022 e é o novo queridinho das paradas (principalmente) japonesas.
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O J-drama conta a história de Asuka Nakamachi, uma professora de Ensino Médio que, em um belo dia ao acabar o expediente, escuta um aluno tocando música numa sala vazia da escola e encontra-se totalmente inspirada por ela. O aluno em questão era Dan Sagami, que, desde o momento, levou, então, as palavras que sua professora disse para ele naquele dia em seu coração: foi mútua a forma daquela singela música inspirar eles dois – e a vida de Dan se tornou mais leve depois daquilo. O que nenhum deles esperava, entretanto, é que uma tragédia fosse acontecer e fazer com que Asuka se afastasse completamente da escola e sumisse da vida dos alunos que ela tanto inspirou a correr atrás de seus sonhos.
Nakamachi acaba indo trabalhar com sua irmã numa van vendendo comida e, anos depois, quando o namorado da irmã a pede em casamento, resolve mudar de trabalho já que eles começariam uma nova vida e ela, como uma boa irmã, queria dar espaço para eles terem sua intimidade sem uma terceira pessoa ali por perto.
O serviço que ela resolve fazer dessa vez é o de governanta num dormitório onde 7 jovens vivem e tentam reconstruir sua vida, já que eles fazem parte de um grupo de J-Pop onde um dos integrantes saiu e eles não veem perspectiva de futuro para o time. Assim sendo, Asuka leva seu jeito alegre e animado por todo lugar que passa e por lá não seria diferente. Mas o que ela não esperava era reencontrar seu ex-aluno Dan sendo um dos integrantes do grupo que ela iria cuidar dali em diante. Ele também não esperava e é dura a jornada para começar a se acostumar com aquilo.
Apesar da surpresa, Asuka assume a posição que havia requerido e passa a fazer o trabalho que ela já sabia que ia fazer: arrumar dormitório, fazer comida para a trupe, lavar roupa, louça, etc. Uma verdadeira governanta e ainda com um quê de professora, aliás, ela promete os ajudar a continuar seguindo seu caminho como 8LOOM. Mas essa jornada não seria nada fácil…
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E é aí que conhecemos o 8LOOM por si só, já que no primeiro episódio topamos com algo inusitado: acontece uma apresentação deles nos últimos minutos e aquilo coloca uma pulga atrás da nossa orelha, aliás, seria aquela música algo feito apenas para o J-Drama? Seria o 8LOOM uma atração totalmente nova, mas que existe apenas naquele universo?
Encontramos rapidamente a resposta para essa pergunta quando pesquisamos o nome do grupo no YouTube, onde encontramos vários MV’s, apresentações ao vivo, entrevistas, tudo que se pode imaginar! E descobrimos ali que não, o 8LOOM não foi feito apenas para as telinhas!
O grupo foi formado também fora do J-Drama para que a imersão dos telespectadores na história fosse ainda maior – e eu estou de prova que eles conseguiram conquistar uma fã! Ser 8LOOMY é praticamente um destino irrecusável para todo mundo que assiste não apenas ao dorama, já que essa vontade louca de procurar tudo que esses meninos colocaram no mundo enquanto grupo se apossa de nossa mente. Aliás, se você conseguir ficar sem procurar nada deles depois de assistir I Will Be Your Bloom, te considero uma pessoa extremamente contida.
Como dito, somos primeiramente apresentados a música de debut do grupo, Come Again, que podemos encontrar até no Spotify junto das outras 4 músicas apresentadas na trama durante seus dez episódios. Uma das missões que o 8LOOM tem durante o drama é esse desabrochar para que eles fiquem longe da possibilidade de encerramento de contrato deles – e isso vocês só descobrem se acontece quando assistem ;) – por isso acabam trabalhando muito e lançando várias músicas para continuarem no mercado musical.
Aqui, numa visão de fã e observadora, acrescento que tudo apresentado durante a história é extremamente enriquecedor e traz consciência para nós que somos fãs de K-Pop, J-Pop, C-Pop, entre outros, sobre como a indústria da música no leste asiático é mais rigorosa do que imaginamos, diante de todos os vieses que os integrantes dos grupos – seja na vida real ou num drama – têm que viver. Foi super importante para mim lembrar e ter os pés no chão quanto ao que consumo desse meio. Um exemplo é ver como eles se desdobravam para ter mil utilidades e nunca estavam satisfeitos com o quanto eles colocavam de si no trabalho que faziam – e esse tópico acarretou em muita briga, inclusive.
Outro fator que me chamou muita atenção foram os detalhes que fizeram tudo se tornar mais real, como as características de cada personagem/integrante do grupo e o tanto que eles acrescentavam ali, mas não percebiam isso – ainda assim, ficou óbvio para mim como eles se colocavam para cima, por mais que nem tudo fosse flores, como já citei!
Para que vocês entendam um pouco isso, preciso apresentar, pelo menos um pouco, cada integrante, né? Então vamos lá!
Dan, que é o protagonista, é um menino fechado que precisa de tempo e estar sozinho para escrever as músicas do 8LOOM, aliás, ele era o líder e compositor do grupo enquanto Naruse é um dos que mais se destaca também, por ainda estar na escola, mas ser extremamente pé no chão, além de trazer uma carga que conhecemos bastante em grupos se já os staneamos no off – sabe aquele integrante solzinho? É ele!
Apesar deles serem os que mais têm destaque, ainda temos Takata, um mini querido que passa de “mero integrante” para, quando houve uma reformulação de tarefas no grupo, se tornar o novo líder deles. Já Eiji, acabamos descobrindo no meio da trama que ele se dá super bem com entrevistas, jogos e quizzes e, por isso, vemos um desabrochar nele aí também, se tornando uma pessoa mais extrovertida e com interesse grande pelos estudos.
Yukiya é um personagem também muito peculiar, já que ele gosta de uma amiga da turma chamada Nao, que trabalha numa casa de banho que eles sempre frequentam. O negócio é que esse amor não é lá muito correspondido… Talvez ela até goste de outra pessoa…
E ainda temos Takumi e Ryusei, sendo Takumi o mais quieto deles, mas muito talentoso, onde mais pra frente se torna outro que compõe para o grupo, e Ryusei um jovem com um talento fora do normal para descobrir o que tem em um ambiente apenas com o olfato. Não disse que eles são extremamente diferentes uns dos outros? Além do fator que vemos integrantes gays e bissexuais, o que achei também importantíssimo para frisar a diversidade do grupo.
Mas que tal conhecer um pouco das músicas que eles apresentam durante o drama? Eu fiquei completamente viciada, por exemplo, em Melody, a música de cima! Existe até um challenge de Tiktok com ela para vocês entenderem o nível de vício que eles colocaram nesse super grupo.
Logo em seguida a essas músicas citadas, eles lançam Hikari, Forever or Never – outra que brota em minha mente até hoje totalmente do nada quando não estou fazendo nada – e a música que encerra o drama e tem o mesmo nome dele: I Will Be Your Bloom. Cada uma tem um tema diferente e acompanha a trama, sendo um belo plano de fundo para deixar tudo mais colorido e florido.
Quase todas tem MV’s e as que não tem possuem pelo menos uma apresentação ao vivo, o que faz a gente perceber a dedicação dessa produção para trazer o talento imensurável dos artistas envolvidos para a realidade. Tanto que, além deles terem ido em programas existentes no Japão para promover as músicas, eles também foram uma das atrações da KCon Japan no ano de 2022, que vocês podem assistir aqui.
(Foto: Divulgação)
E não acaba por aí!
A recepção do grupo na mídia foi tão grande que eles adquiriram muitos fãs, a ponto de ter sido anunciado no ano passado que o grupo poderá voltar para as telonas, isso é, ter uma sequência de I Will Be Your Bloom nos cinemas em 2025! Aparentemente, as gravações podem começar no fim de 2024 e o grupo ainda poderá se reunir para uma turnê no Japão para o lançamento do filme.
Se vocês assistirem a esse dorama incrível, vão entender totalmente o apelo dele, uma vez que os artistas envolvidos nesse projeto, principalmente no 8LOOM, são extremamente talentosos e versáteis – e não vou conseguir ficar calada sobre isso, então fiquem por dentro do que os novos queridinhos do pedaço andam fazendo por aí!
Takahashi Fumiya, que interpretou Dan, é um ator e cantor em ascensão que tem seu rosto muito conhecido pelo Japão, onde tem conquistado muitos fãs com seus dotes para atuação – vocês podem achá-lo nos doramas Captivated By You (2021, Viki), Dearest (2021, Netflix) e o mais recente Fermat Cuisine (2023, Netflix).
Agora vamos para leva dos que são e foram parte de algum grupo na vida real mesmo: Mori Shoot, ator que deu vida a Ryusei, faz parte do boy group japonês BUDDiiS, que debutou em 2020, Hachimura Rintaro, que fez Eiji, também participa de um grupo japonês chamado WATWING, desde 2019 – e fez o recente BL japonês Sahara Sensei To Toki Kun (2023) – e Ryubi Myiase, que trouxe Naru a vida, é um ex-integrante do grupo M!LK, agora promovendo sua carreira como solista e dando vida a outros personagens de doramas e filmes.
Talvez, entretanto, o ator que algumas pessoas podem conhecer pelo seu contato com o K-Pop, é NOA, que interpretou Takumi: o jovem é conhecido por ter sido o primeiro trainee japonês da YG Entertainment, empresa (antiga, para alguns) de grupos como BIGBANG, WINNER, iKON, Blackpink e Treasure. Depois de passar alguns anos na Coreia, ele voltou para o Japão e resolveu investir em sua carreira solo, logo entrando não só para o dorama como também para o 8LOOM, conquistando muitos fãs nessa tacada única.
O ator que faz Takara, Yamashita Coki, faz vários papéis em doramas também, mas seu talento para música é tão grande que, mesmo não estando em um grupo – apesar de já ter participado do projeto de um grupo junto de Yuma do &TEAM e Takumi do INI –, faz muito sucesso na sua conta do Tiktok onde mostra seus dotes para música e, com isso, conquistou mais de 1 milhão de seguidores. E temos também Tsuna Keito, ator que fez história como Yukiya, que também foca suas atividades na parte da atuação e sempre está em algum projeto novo – além de sempre aparecer com algum dos meninos por aí (seja nas telinhas ou fora delas) que, inclusive, não se desgrudam!
Resumindo, o que vemos aqui é um grupo com talentos escolhidos a dedo para fazer qualquer pessoa suspirar enquanto vê esse dorama que fica marcado em nossas vidas para sempre. Logo, nota-se que essa tática de imersão foi feita de uma forma tão cuidadosa, singela e detalhada a ponto de transformar algo que seria de mentira e limitado em algo que, podemos perceber, também mudou as vidas das pessoas envolvidas, trazendo uma plataforma enorme de fãs e sucesso – talvez – até mundial para os jovens do grupo.
Uma observação aqui, é que você se vê até tendo um oshi³ dentre os integrantes, querendo acompanhar eles fora das telinhas, binge watch as outras produções que eles participaram, ouvir suas músicas… Se isso não é sinal de extremo sucesso, o que mais seria?
Sei que eu estou super de olho aqui para acompanhar os meus mais novos adotados – em especial Ryubi que ganhou totalmente meu coração! – e mal posso esperar para mais notícias da nova produção que deve ser um spin off de I Will Be Your Bloom. Se eu fosse vocês, não perderia tempo!
O J-Drama se encontra disponível tanto na Netflix quanto na Viki - nessa, de graça até. Corre lá e depois me conta se vocês também foram conquistados por esses mega queridos!
¹Lore: história fictícia
²Webtoon: história em quadrinhos postadas no aplicativo Webtoon
³Oshi: seu favorito entre os integrantes de um grupo de J-Pop, corresponde a bias no K-Pop
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